Novos balanços da Americanas também envolve redobrar esforços para obter apoio dos credores ao plano de recuperação judicial
A Americanas (AMER3) está correndo contra o tempo para finalizar seu balanço do quarto trimestre. Enquanto isso, redobra os esforços para obter apoio dos credores ao plano de recuperação judicial, segundo fontes próximas ao assunto.
Vale lembrar que em meados de março, o Bradesco (BVMF:BBDC4) solicitou à Justiça de São Paulo o protesto judicial contra a alienação de bens dos membros dos conselhos de administração e fiscal da Americanas (BVMF:AMER3). E na mesma, a Americanas havia anunciado a chegada de Sergio Rial, em que o mercado comemorou e as ações tiveram importante variação positiva, algo como R$ 2 bilhões, comentou Sandro Tordin, consultor e diretor estatuário.
Novos balanços da Americanas
A Americanas, que entrou com pedido de recuperação judicial em janeiro após descobrir um rombo contábil de 20 bilhões de reais, agora negocia mudanças no plano para conquistar os debenturistas que indicaram anteriormente que o rejeitariam.
Ao mesmo tempo, a empresa está preparando os demonstrativos financeiros auditados, afirma uma fonte da empresa, que pediu para não ser identificada. Sendo assim, à medida que a Americanas busca tranquilizar os credores de que as dimensões do escândalo contábil foram plenamente divulgadas. Desde o anúncio inicial, em janeiro, a Americanas descobriu mais 4 bilhões de reais em fraudes contábeis.
Etapas fundamentais
Além disso, essas etapas são fundamnetais para que a empresa possa cumprir com os prazos e evitar o adiamento da aprovação do plano de recuperação judicial da empresa, acrescentou a fonte.
Embora a apresentação de um demonstrativo contábil auditado não seja obrigatória para a realização de uma assembleia geral, é importante “convencer” os credores a aprovar o plano de recuperação, disse a fonte, uma vez que eles terão uma participação maior na empresa como parte de uma proposta de conversão de 10 bilhões de reais de dívida em ações.
Comunicado ao mercado
Em comunicado ao mercado, a Americanas disse que espera divulgar suas demonstrações financeiras passadas até 31 de agosto, ressaltando que essa é a “melhor estimativa” da empresa.
Crítica a ex-executivos
Por outro lado, no mês passado, a alta administração da varejista criticou ex-executivos, bancos e auditorias após um relatório de assessores jurídicos da empresa alegar o envolvimento desses em uma “fraude” nas demonstrações financeiras.
CPI
Além disso, o atual presidente da Americanas, Leonardo Coelho, afirmou em audiência da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara que investiga o caso que os membros do conselho da Americanas não estão entre os pelo menos 30 funcionários que, segundo ele, colaboraram para ocultar os problemas no balanço da empresa, acrescentando que os envolvidos estão sendo demitidos.
Reestruturação interna
Já a reestruturação interna da equipe financeira pode atrasar o processamento dos demonstrativos de resultados, disse a fonte, uma vez que “com algumas demissões, redescobrir o passado se torna ainda mais complicado”.
Debenturistas
Com quase R$ 11 bilhões em dívidas da Americanas em mãos, os debenturistas estão considerando exigir cortes menores do que os aproximadamente 70% previstos no plano de recuperação, além de compensação adicional por suas perdas, conforme duas fontes próximas ao assunto.
A proposta original da empresa de converter dívidas em ações também vai contra os mandatos de muitos detentores de bonds que estão impedidos de possuir ações, e estão em andamento negociações para encontrar uma alternativa, segundo as duas fontes.
Com isso, a maior parte das dívidas não pode ser convertida em ações — para fundos de pensão ou de crédito, já que existem restrições legais, disse Adriano Casarotto, gestor de crédito da Western Asset, que detém R$ 300 milhões em dívida da Americanas.
Tribunal
Por fim, o plano deve ser discutido em tribunal até o final de julho, e uma assembleia geral poderá ser convocada para votação. Todavia, se não houver acordo, o processo para a aprovação do plano de recuperação judicial poderá ser reiniciado.
Em comunicado, a Americanas disse que segue “comprometida com seus credores” para a construção de um consenso sobre seu plano de recuperação judicial e que ele ainda está sujeito a revisões e ajustes.
*Foto: Reprodução/Flickr (Mauricio Santana – flickr.com/photos/mauriciosantana/41987901905)