Venda de fatia na BR pode ser concretizada este ano, segundo três fontes com conhecimento do assunto
A Petrobras pretende vender toda a sua participação remanescente na BR Distribuidora ainda este ano. A transação seria em uma operação que pode render mais de R$ 8 bilhões. As informações foram prestadas à agência Reuters por três fontes com conhecimento do assunto.
Venda de fatia na BR
Para a venda de fatia na BR Distribuidora, tem a ver com seu desinvestimento. Isso inclui um potencial de ser um dos maiores do ano. Além disso, a política de preços que segue paridade. Contudo, evita repassar volatilidade do mercado de petróleo aos preços internos. Estes estão entre os temas que recebem atenção do presidente da Petrobras, Joaquim Silva e Luna, que completou nesta semana um mês à frente da petroleira.
Posição favorável
Na Petrobras, as discussões em andamento apontam para posição favorável a uma venda de fatia da BR de 37,5%, o que confirma que o novo CEO está alinhado com desinvestimentos, de acordo com as fontes, que falaram na condição de anonimato.
A BR também já tomou conhecimento do interesse da Petrobras, e houve contatos entre Luna e o presidente da distribuidora Wilson Ferreira Jr. sobre isso, uma das fontes revelou:
“A intenção é fazer ainda este ano dentro dos ritos necessários. O assunto está em plena discussão. Mas a ideia é vender tudo.”
Já outra fonte disse o seguinte:
“A Petrobras quer vender tudo e foram encomendados os estudos numéricos com cenários para ser tomada a melhor decisão.”
Reunião deve ocorrer nos próximas semanas
Nas próximas semanas deve ocorrer uma reunião para tratar do assunto, revelam as fontes. Porém, ao ser questionada, a Petrobras não comentou imediatamente. Já a BR disse que o assunto deve ser tratado com a Petrobras.
Vale lembrar que Luna e Ferreira já atuaram juntos em Itaipu, quando o presidente da BR estava no conselho da usina binacional, enquanto o CEO da petroleira era o chefe executivo da hidrelétrica.
Todavia, análises técnicas em andamento vão embasar junto ao conselho a venda da participação na BR, conforme as fontes, que afirmaram que estimativas iniciais indicam que a Petrobras poderia faturar ao menos em torno de R$ 8 bilhões com a venda total dos papéis na BR. A segunda fonte firma:
“É uma operação vultuosa, podendo chegar a 8 bilhões, e com isso pode cair bem a dívida da companhia.”
Conclusão da venda
Quanto à conclusão da negociação, as fontes disseram que a intenção é que ela seja finalizada neste ano ainda.
Mas é “preciso aguardar o melhor momento para fazer o melhor negócio”. Esta seria a terceira grande venda de ações da BR Distribuidora pela Petrobras.
Terceira fonte:
“Já houve contato e, se eles quiserem vender, a operação é muito rápida: máximo 40 dias. A BR é um grande negócio e hoje vale (essa fatia da Petrobras) mais de 10 bilhões de reais.”
Faz sentido a venda
“Faz todo sentido” vender, pois a ação já passou de R$ 25, ante máxima histórica de quase R$ 28, em fevereiro de 2020.
“A dívida da Petrobras é em dólares, e o dólar está caindo. Então se ele quer quitar mais dólares, melhor vender agora que a BR atingiu um de seus maiores valores em reais, e ele tem a oportunidade de vender e converter para um valor maior em dólares porque o câmbio caiu.”
Dívida líquida
Já a dívida líquida da empresa somou US$ 58,4 bilhões no fim de março, ante US$ 63,2 bilhões um ano antes.
No final de 2020, ao divulgar novas informações sobre desinvestimentos, a meta de vendas de ativos da Petrobras aumentou para até US$ 35 bilhões, até 2025, com a inclusão da BR e da petroquímica Braskem no programa.
Preços dos combustíveis
A Petrobras já começou uma nova estratégia para o ajuste nos preços dos combustíveis, afirmaram as fontes. No primeiro mês à frente da estatal, o novo presidente indicado por Jair Bolsonaro promoveu somente uma alteração nos preços dos combustíveis.
No início deste mês, a empresa anunciou uma redução de 6 centavos no preço do diesel nas refinarias e de 5 centavos no litro da gasolina.
A política de paridade de preços internacionais, que considera as variações do dólar e o barril de petróleo no mercado internacional, não foi abandonada, segundo as fontes.
Porém, a orientação é evitar o frequente sobe e desce de preços. Tal volatilidade é considerada prejudicial para a imagem da empresa.
Troca do comando da Petrobras
O presidente Bolsonaro anunciou a troca do comando da Petrobras, com o fim do mandato do economista Roberto Castello Branco. O motivo foi a série de descontentamentos com a política de preços da estatal na administração anterior.
Ainda no começo de maio, o diretor-executivo de Comercialização e Logística, Cláudio Mastella, disse que a nova gestão da Petrobras manteve a maneira de gerenciar ajustes de preços dos combustíveis e busca praticar valores em níveis competitivos, evitando repassar volatilidade internacional ao mercado interno.
*Foto: Divulgação