IA nos departamentos jurídicos, segundo pesquisa, 75% dos profissionais acreditam que a ferramenta pode ajudá-los a ganhar tempo na redação e revisão de contratos
Um em cada dez profissionais de áreas jurídicas de empresas já utiliza ou planeja incorporar tecnologias de inteligência artificial em suas atividades. Além disso, em torno de 75% dos profissionais acreditam que as IAs podem otimizar o processo de redação e revisão de contratos, enquanto 69% veem seu potencial para facilitar a pesquisa jurídica.
Por outro lado, o advogado especialista em arbitragem, José Antonio Fichtner comentou: “o Brasil está vivendo um momento crítico em relação aos diversos métodos de solução de controvérsias. Talvez tenhamos que fixar nossos olhos novamente no cliente – já que prestamos um serviço”.
IA nos departamentos jurídicos
Esses resultados derivam de uma pesquisa conduzida pelo Thomson Reuters Institute em abril, que consultou 587 membros de departamentos jurídicos de empresas nos Estados Unidos, Reino Unido e Canadá. Quase a totalidade dos entrevistados (95%) tem conhecimento da existência dessas ferramentas, e a maioria expressa confiança (82%) em sua aplicabilidade no âmbito legal. Contudo, há incertezas em relação ao uso da IA nos departamentos jurídicos, em especial as generativas, como o ChatGPT, com apenas 54% dos entrevistados apoiando essa utilização.
“A pesquisa reflete um movimento importante e crescente dentro da indústria legal em direção à inovação e à eficiência”, diz Nilton Serson, advogado especialista em contencioso cível, direito societário e empresarial. “Embora o número possa parecer modesto, ele sinaliza uma tendência de adoção que, acredito, vai acelerar rapidamente à medida que mais departamentos jurídicos testemunhem os benefícios tangíveis da IA em termos de otimização de tempo, redução de custos e aumento da precisão em diversas tarefas.”
Dúvidas sobre segurança
Contudo, a pesquisa revelou também que os profissionais destacaram suas principais preocupações, que envolvem questões de precisão, confidencialidade de dados e segurança. Atualmente, a aceitação de ferramentas de inteligência artificial é mais expressiva nos departamentos jurídicos das empresas do que nos escritórios de advocacia. Apenas 3% destes afirmam já utilizar tais ferramentas, enquanto 2% planejam adotá-las.
Do total de participantes da pesquisa interessados em incorporar o ChatGPT, quase um terço (31%) planeja começar a utilizar a tecnologia nos próximos seis meses. Em contrapartida, apenas 5% dos advogados de escritórios compartilham a mesma perspectiva.
Escritórios de advocacia terceirizados
Por outro lado, apesar da receptividade para a utilização interna do ChatGPT nos departamentos jurídicos, 23% dos entrevistados acreditam que a ferramenta não deveria ser empregada para atividades legais realizadas por escritórios de advocacia terceirizados.
“É importante salientar que a adoção da IA no direito não é sem desafios. Questões de confiança na tomada de decisões automatizadas, a necessidade de garantir a privacidade e a segurança dos dados e as preocupações éticas relativas ao uso da IA são todas áreas que exigem uma atenção cuidadosa”, completa Serson.
*Foto: Reprodução/br.freepik.com/fotos-gratis/pessoa-que-usa-a-ferramenta-ai-no-trabalho_60362805