Após seis meses sem liberar saques a investidores, a crise no Grupo Bitcoin Banco se agravou ainda mais. Agora, além dos processos judiciais, a empresa entrou com o pedido de recuperação judicial na 1ª Vara de Falências e Recuperação Judicial de Curitiba, onde fica sua sede.
Grupo Bitcoin Banco
No entanto, se a Justiça não aceitar esta solicitação, os investidores podem ficar ao menos mais seis sem receber seus recursos. A empresa tem como proprietário o empresário Claudio Oliveira, conhecido no meio como o “rei do bitcoin”.
O portal UOL teve acesso ao pedido de recuperação do Bitcoin Banco, em que consta que este é “o único meio para permitir o reequilíbrio das empresas, a retomada das suas atividades e o consequente cumprimento de suas obrigações”. Além disso, a petição menciona oito companhias do grupo, entre as quais, as exchanges: Negocie Cois e TemBtc.
Justificativa
De acordo com o grupo, a atual financeira é decorrência de “problemas internos em seu sistema de negociação de criptomoedas”, o que inclui o bitcoin.
Quando os investidores não conseguiam mais realizar saques de seu dinheiro, o Bitcoin Banco afirmou que tinha sofrido um golpe, em maio deste ano. Ainda de acordo com a companhia de criptomoedas, investidores se aproveitaram de um problema no sistema das exchanges e realizaram saques duplos.
Vale destacar que assim como o Grupo Bitcoin, muitas companhias no Brasil podem passar por processo de recuperação judicial, empresarial. É o que explica Ricardo K., CEO da RK Partners, que é uma consultoria especializada em reestruturar empresas.
Culpa da mídia, Justiça e instituições financeiras, afirma o Bitcoin Banco
Segundo consta no documento entregue pelo Grupo Bitcoin Banco à Justiça, há outros culpados pela crise. A empresa afirma que os problemas surgiram em função de bloqueios judiciais de valores, decorrentes da disseminação de “informações falsas na mídia e nos grupos de Whatsapp e Telegram” e pelo “comportamento abusivo de instituições financeiras”.
No entanto, não está claro quais são estas instituições financeiras caracterizadas como abusivas pelo Bitcoin Banco. Porém, a petição menciona o Banco Plural, antigo parceiro do conglomerado, mas que encerrou as contas de suas exchanges, e ainda a CVM (Comissão de Valores Mobiliários).
O órgão regulador do mercado financeiro impediu a companhia e seus sócios de atuar no setor, em relação a oferecer títulos ou contratos de investimento coletivo.
Em nota, o Grupo Bitcoin Banco repetiu que a recuperação judicial é o procedimento mais efetivo e transparente para a resolução dos problemas da companhia.
Lista de credores
Na semana passada, uma suposta lista de credores do Grupo Bitcoin Banco, que teria sido entregue à Justiça, passou a circular em grupos de aplicativos de mensagens. Nela, constam nomes de 6.584 clientes, além de supostos valores investidos por cada um, dados pessoais e endereços. O valor da dívida do conglomerado, conforme o documento, seria de R$ 23,2 milhões.
Apesar dos rumores, o banco não confirma se o documento entregue à Justiça e vazado em grupos de mensagens é verdadeiro ou não.
Recuperação judicial
Se o pedido de recuperação judicial do Grupo Bitcoin Banco for aceito pela Justiça, a empresa terá até 60 dias para apresentar um plano de recuperação, que detalhe como pretende pagar seus credores.
Todo o processo demora 180 dias. Durante este período, a companhia não pode ser cobrada por dívidas que façam parte do plano de recuperação judicial.
Portanto, na prática, os investidores do Grupo Bitcoin Banco teriam que esperar ao menos mais seis meses para tentar reaver o dinheiro aplicado.
Fonte: UOL
*Foto: Divulgação / Guilherme Pupo – Valor Investe