Trio de sócios da Americanas, por meio da empresa, pretende seguir empenhada ‘nas negociações destes termos com seus credores financeiros’
O trio de acionistas de referência da Americanas, composto por Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, anunciou nesta semana que fez uma proposta intermediária para os bancos credores da companhia. Neste caso, eles proporam fazer um aporte imediato de R$ 10 bilhões na empresa e a garantia de mais duas injeções de até R$ 1 bilhão cada no futuro, caso a situação financeira da empresa volte a deteriorar.
Na semana passada, a varejista voltou a se reunir com os bancos credores, segundo apurou o Estadão/Broadcast com fontes a par das negociações. Sendo assim, o contato entre os dois lados tem sido constante, inclusive com reuniões individuais da empresa com cada banco.
Já no dia 3 de abril, em comunicado, a empresa afirmou que não há acordo em torno desta proposta. Porém, segundo fontes ouvidas pela reportagem, R$ 12 bilhões é uma cifra que alguns bancos estão dispostos a aceitar, mas não é unânime como seriam R$ 15 bilhões, por exemplo.
Contudo, vale lembrar que antes disso, no início de março, O banco Bradesco solicitou à Justiça de São Paulo o protesto judicial contra a alienação de bens dos membros dos conselhos de administração e fiscal da Americanas. E o mesmo teor do feito contra os três acionistas de referência, Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira. Em contrapartida, neste mesmo período, a Americanas anunciou a chegada de Sergio Rial, fato que o mercado comemorou e as ações tiveram importante variação positiva, algo como R$ 2 bilhões, comentou à época Sandro Tordin, consultor e diretor estatuário.
Trio de sócios da Americanas
Com a nova oferta, o trio de sócios da Americanas estaria disposto a injetar os R$ 12 bilhões, porém, não em uma injeção imediata.
Isso porque, conforme a Americanas, as capitalizações adicionais ocorreriam no futuro, se a empresa ficar acima de determinados patamares de alavancagem ou abaixo de determinada liquidez. E tais parâmetros ainda não foram definidos.
A proposta da empresa aos credores envolve:
- o aporte, que contabiliza o empréstimo DIP de até R$ 2 bilhões concedido pelo trio;
- a conversão de dívidas bancárias em participação acionária;
- e também a recompra de dívidas.
Com isso, o tamanho do aporte proposto pelos três acionistas “calibra” o esforço financeiro dos credores.
Maior esforço com as instituições
Por outro lado, os executivos de grandes bancos calculam que as injeções de recursos trazidas à mesa deixam a maior parte do esforço com as instituições. Sendo assim, um aporte de R$ 10 bilhões, por exemplo, os bancos ficariam com aproximadamente 65% da conta, segundo fontes que falaram sob condição de anonimato. A balança seria equilibrada com um aporte de R$ 20 bilhões, algo que não chegou a ser oferecido.
Todavia, o clima das conversas já não é tenso como no começo e agora tem um tom mais construtivo. Entretanto, para que se chegue a uma conclusão, um dos lados deve ceder. É o que diz a CFO da Americanas, Camille Faria, que explicou ao Broadcast na última semana. Agora, todos reconhecem a importância de se chegar a um consenso rapidamente, porém, não há uma meta de tempo para que isso ocorra.
Terceiros
Vale destacar que diante desse cenário, os interlocutores da companhia, apesar de participarem ativamente das negociações, dependem da vontade de terceiros, disse Faria ao Broadcast no fim do mês passado.
“Somos parte ativa do diálogo, mas, no fim, quem está colocando dinheiro são os acionistas de referência e quem está convertendo dívida são os bancos.”
Trégua
Por fim, ainda há um entendimento de outros interlocutores da companhia de que há uma tendência de trégua com os bancos na Justiça, a exemplo da suspensão de 30 dias nos processos entre o BTG Pactual e a Americanas. Com ao menos dois bancos, essas conversas estariam mais adiantadas.
*Foto: Reprodução/Flickr (Khara)