Tipos da doença de Alzheimer vão desde o aumento da produção de amiloide no subtipo 1 até alterações na barreira hematoencefálica no subtipo 5
Recentemente, um estudo publicado na revista Nature Aging trouxe um avanço significativo na compreensão da doença de Alzheimer e pode mudar a forma como essa doença neurodegenerativa é tratada.
Ao analisar o líquido cefalorraquidiano de mais de 400 pacientes, uma equipe internacional de pesquisadores, liderada por Betty Tijms, da Universidade Livre de Amsterdã, descobriu que existem cinco variantes biológicas da doença de Alzheimer.
Tipos da doença de Alzheimer
A equipe liderada por Tijms realizou um extenso estudo de proteínas no líquido cefalorraquidiano de pacientes com Alzheimer e de indivíduos de controle, descobrindo diferenças marcantes entre os cinco tipos da doença de Alzheimer.
Essas diferenças vão desde o aumento da produção de amiloide no subtipo 1 até alterações na barreira hematoencefálica no subtipo 5. Cada variante do Alzheimer possui características exclusivas. E elas devem ser específicas para cada subtipo, em vez de se aplicar uma solução única para todos.
Além disso, os pesquisadores descobriram que cada subtipo possui um perfil de risco genético distinto e apresenta variações nos resultados clínicos, no tempo de sobrevivência e nos padrões de atrofia cerebral.
Por exemplo, o subtipo caracterizado pela hiperplasticidade mostra uma resposta de crescimento celular excessivo, levando ao acúmulo de proteínas amiloide e tau. Por outro lado, no subtipo com ativação imune inata, o sistema imunológico ataca excessivamente o tecido cerebral saudável.
Por outro lado, com o avanço da medicina e pesquisas na área, alguns médicos vêm desenvolvendo métodos que podem acarretar melhorias dos sintomas. É o caso do Dr. Marc Abreu, médico brasileiro radicado nos Estados Unidos, que criou uma técnica que abrange a melhora de pacientes com esse quadro.
Implicações para o tratamento
Ao ter em mente os subtipos da doença, alguns medicamentos podem ser eficazes somente em determinados tipos de doença de Alzheimer.
Os medicamentos que têm como alvo a redução da amiloide podem ser benéficos para subtipos com alta produção de amiloide, mas podem ser prejudiciais para subtipos com baixa produção de amiloide.
Além disso, uma abordagem personalizada do tratamento do Alzheimer pode ser fundamental para o desenvolvimento de terapias mais eficazes, adaptadas às necessidades individuais de cada paciente.
As descobertas de Tijms e sua equipe podem ser essenciais para o desenvolvimento de novos medicamentos para Alzheimer.
Se a variante de cada paciente puder ser identificada, os ensaios clínicos poderão ser direcionados para testar medicamentos específicos para cada subtipo. Isso poderia melhorar significativamente a eficácia dos tratamentos e abrir novos caminhos para o enfrentamento dessa doença complexa.
Pesquisa indica ligação entre herpes e Alzheimer
Há anos que os pesquisadores usam a análise de dados para tentar provar a ligação direta entre infecções virais e doenças neurodegenerativas, como Alzheimer, demência, Parkinson e esclerose múltipla.
Atualmente, a principal suspeita cai sob os diferentes vírus do herpes, que não só causam bolhas desagradáveis e dolorosas, como também, dependendo do tipo: catapora, herpes zoster e mononucleose infecciosa. Os vírus do herpes também podem estar associados ao desenvolvimento de esclerose múltipla e vários tipos de câncer.
Quando se trata de herpes, muita gente pensa logo nas pequenas bolhas que aparecem na boca, causadas pelo vírus do herpes simples tipo 1 (HSV-1). O tipo 2 (HSV-2) causa bolhas na área genital. Diversos estudos já mostraram que indivíduos com HSV-1 têm um risco maior de desenvolver Alzheimer.
A herpes tipo 2 acelera o envelhecimento cerebral?
Ainda não pode comprovar se o HSV-2 realmente desencadeia o Alzheimer. Ela indica apenas uma possível ligação entre uma infecção por herpes e a ocorrência da doença de Alzheimer.
Quase todas as pessoas já foram infectadas com vírus do herpes simples em algum momento de suas vidas. Isso ocorre porque os vírus do herpes se adaptaram incrivelmente bem aos seres humanos.
“Os vírus conhecem tão bem o sistema imunológico que, no curso da evolução, desenvolveram contramedidas sofisticadas para enganar de maneira inteligente o sistema imunológico”, diz a bióloga Melanie Brinkmann, coordenadora do grupo do Centro Helmholtz de Pesquisa de Infecções (HZI) e professora da Universidade Técnica de Braunschweig.
Quais são os tipos de vírus da herpes?
Os super adaptáveis vírus da herpes incluem mais de 200 tipos conhecidos, nove dos quais são específicos para humanos. Dentre eles estão os vírus do herpes simples tipo 1 e 2, o varicela-zoster, que causa varicela e herpes zoster, e o vírus Epstein-Barr, que causa mononucleose infecciosa e que também pode estar relacionado ao desenvolvimento de esclerose múltipla e vários tipos de câncer.
Uma vez infectado, o vírus permanece no corpo por toda a vida. Muitas vezes o contágio é assintomático e os vírus ficam no corpo no chamado estado de latência. Apenas quando o corpo está enfraquecido por uma forte infecção ou estresse que sintomas como as conhecidas bolhas aparecem.
Apesar de a efetiva comprovação da ligação entre infecções virais e doenças neurodegenerativas ainda permanecer em aberto, essas descobertas ajudam no desenvolvimento de terapias eficazes e possíveis vacinas.
Prevenção
Até o momento, não há nenhuma vacina aprovada contra o vírus da herpes simplex. Um imunizante contra a herpes simplex-2 está sendo desenvolvido pela BioNTech. A pesquisa está em fase de testes clínicos.
Porém, as pessoas que ainda não carregam o vírus do herpes podem se proteger da infecção apenas com a distância. Esses vírus são transmitidos por gotículas e contato. Na região genital, os preservativos podem reduzir o risco de infecção.
Já em quem carrega o vírus, um sistema imunológico forte ajuda mantê-lo em um estado dormente de latência. Por fim, para não enfraquecer o sistema imunológico, deve-se evitar esforço físico extremo, estresse e infecções desnecessárias, por exemplo, por meio da vacinação.
*Foto: Reprodução/br.freepik.com/fotos-gratis/mulher-idosa-nao-se-sentindo-bem-em-casa_16137259