Política Nacional de Cuidados resultou em encontro com cerca de 30 lideranças em Brasília, durante a III Marcha das Mulheres Indígenas
Com o propósito de ouvir e entender as demandas e os anseios das mulheres indígenas, a fim de acrescentar ao processo de construção da Política Nacional de Cuidados, os ministérios do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS) e das Mulheres promoveram na última segunda-feira (11), em Brasília, uma Roda de Escuta e Diálogo sobre as Políticas Públicas de Cuidados para as Mulheres Indígenas.
Política Nacional de Cuidados
O encontro para debater a Política Nacional de Cuidados reuniu cerca de 30 lideranças indígenas durante a III Marcha das Mulheres Indígenas. A iniciativa faz parte de um plano nacional de mobilização social. é o que ressaltou a diretora substituta da Secretaria Nacional de Cuidados e Família do MDS, Carolina Tokarski:
“O Brasil conta com mais de 200 etnias. Existe uma diversidade de vivência e de território. Cada território configura um tipo específico de cuidados e de cultura também.”
E ainda complementou: “Esperamos que o estado brasileiro construa uma política pública para que a gente possa cuidar de quem cuida e oferecer cuidados de qualidade para quem precisa”.
Observações das lideranças indígenas
Patrícia Krin Si Pankararé, do território indígena Pankararé, do município de Glória, norte da Bahia, passou 34 horas em viagem até chegar à capital federal. Coordenadora-geral do movimento indígena do estado, ela lidera na marcha um grupo de cinco delegações de indígenas da Bahia. “Para ser liderança, eu escutei muito para, ao falar, conseguir alterar o silêncio. Gosto de ouvir, mas também de colocar em prática. O papel do Governo Federal é justamente trazer uma política de qualidade, uma política afirmativa para os territórios indígenas”, frisou.
Por sua vez, Rosenilda Rodrigues de Freitas Luciano, do povo sateré-mawé (AM) e chefe de gabinete da Secretaria de Articulação e Promoção de Direitos Indígenas no Ministério dos Povos Indígenas, disse que sentar e ouvir as lideranças femininas de diversos biomas mostra como a cultura indígena é vasta, porém, com problemas semelhantes.
“A Marcha das Mulheres Indígenas é um grande ato social. Os diferentes povos trazem as reivindicações, e há quem escute. Além de ouvir os anseios das mulheres, o Governo Federal passa a ter uma visão ampla das políticas públicas em diferentes áreas, como saúde, educação e bioeconomia.”
Reivindicações
Durante a conversa, as lideranças apresentaram reivindicações, como uma economia inserida na biodiversidade indígena, a implantação de Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) indígenas, uma política de direito aos documentos, direito aos benefícios sociais e à assistência médica de qualidade. Sobre isso, ela ainda detalhou:
“Precisamos que se construam grupos de trabalho, e que realmente possamos fazer as políticas públicas chegarem aos territórios indígenas. Fazer crescer a economia dentro das comunidades para tirar as pessoas da vulnerabilidade, aumentar a segurança para as mulheres, para a juventude, e retirar as drogas de dentro das aldeias.”
Os cuidados
Os cuidados dizem respeito às atividades realizadas para o sustento da vida e o bem-estar das pessoas. As políticas integrais de cuidado fazem parte dos sistemas de proteção social universais e inclusivos, que estão na base do bem-estar social.
Marcha das Mulheres Indígenas
A Marcha das Mulheres Indígenas seguiu até quarta-feira (13). A programação incluiu debates, lançamento de livros, grupos de trabalho e apresentações culturais. O encontro é promovido pela Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (ANMIGA) e as Mulheres Biomas do Brasil.
Nesta edição, o evento celebrou o tema “Mulheres Biomas em Defesa da Biodiversidade através das raízes ancestrais”. A missão é conectar e reconectar a potencialidade das vozes das ancestralidades que são as sementes da terra, fortalecer a atuação das mulheres indígenas, debater os desafios e propor novos diálogos de incidência na política indígena do Brasil.
*Foto: Reprodução/Instagram Apib