Governo federal autorizou o certame para contratação de profissionais pelo prazo de um ano, com início para janeiro do ano que vem
O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) obteve aval do Ministério da Economia para convocar 234.416 pessoas para trabalharem no recenseamento da população do Brasil.
As atividades para o Censo 2020 começarão em janeiro do ano que vem. Os cargos serão disponibilizados em caráter temporário pelo período de um ano.
Suzana Guerra, atual presidente do órgão, derrubou a expectativa de contração de 300 mil profissionais. Em fevereiro ela já dizia em convocar mais de 240 mil candidatos.
O anúncio de autorização do concurso feito no início de maio dá o prazo de seis meses para que o IBGE divulgue as normas do processo seletivo. Porém, em nota, o órgão público deixa claro que os aprovados só tomarão posse dos cargos em janeiro de 2020 e “mediante disponibilidade de dotações orçamentárias específicas”.
PROCURADORIA FEDERAL DOS DIREITOS DO CIDADÃO
A Procuradoria que integra o Ministério Público Federal anunciou que pretende ouvir explicações do IBGE, no que diz respeito a querer enxugar 25% do orçamento para realização do Censo 2020. O MPF ressaltou que quer ter acesso aos documentos jurídicos e estudos que levaram a esta tomada de decisão.
O Ministério ainda destacou em ofício, que a redução de custos para o recenseamento do ano que vem pode causar uma interrupção na construção de séries históricas. Além disso, pode prejudicar a constituição de conhecimento, baseados em políticas públicas e exercício da cidadania.
RESTRIÇÕES ORÇAMENTÁRIAS
Desde 2018 que a dificuldade na realização do Censo 2020 já dava sinais, principalmente, ligada às restrições orçamentárias.
Segundo matéria realizada pelo jornal O Estado de S. Paulo, em agosto de 2018, o IBGE já pontuava a necessidade de obter recursos em 2019 de R$ 1 bilhão. O valor deveria ser liberado pelo Ministério do Planejamento e, conforme cálculo do Instituto, o custo total para preparação do Censo 2020 seria de R$ 3,4 bilhões.
REDUÇÃO DO QUESTIONÁRIO
No fim de abril, Suzana Guerra intensificou mais a previsão de redução dos 25% do orçamento. Para chegar a este percentual ela não descartou a possibilidade de haver menos perguntas no questionário. Todavia, a decisão não foi bem recebida por 250 profissionais do setor que protestaram contra a medida. Segundo eles, em uma reunião informal, Guerra afirmou que informações contidas na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios podem ser utilizados para suprir eventuais lacunas deixadas pelo Censo.
SINDICATO NACIONAL DOS SERVIDORES DO IBGE
No início de maio, o Sindicato Nacional dos Servidores do IBGE concvidou acadêmicos para discutir o assunto. A antropóloga e professora da UFRJ, Eugênia Motta, demonstrou preocupação pela redução do questionário. Ela disse que essa decisão pode transformar fazer com que pessoas que residem em regiões vulneráveis se tornem ainda mais invisíveis aos olhos do Brasil, que considera um país desigual.
Motta concluiu que é exatamente nessas áreas que as informações custam a chegar e por isso a necessidade de maior verba para sua realização. E só o papel da estatística pública é capaz de apresentar que existe este tipo de realidade no Brasil. A inexistência desses dados pode colocar essas populações em modo invisível, além de não serem inseridas como uma preocupação decorrente das políticas públicas.
Fonte: Foto de bakhtiar-1 na Freepik