Hepatite viral possui um procedimento principal que consiste em testagem, diagnóstico e tratamento
Todo 28 de julho é celebrado o Dia Mundial de Luta Contra Hepatites Virais. A data ocorre desde 2010, institída pela Organização Mundial da Saúde (OMS). O objetivo é alertar e conscientizar a população sobre a prevenção e controle da doença. Atualmente, a enfermidade provoca em torno de 1,4 milhão de mortes por ano em todo o mundo. É o que estima a OMS. Sendo assim, a Fundação Oswaldo Cruz, por meio de seu Laboratório de Hepatites Virais do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) atua como Serviço de Referência Nacional para Hepatites Virais junto ao Ministério da Saúde.
Hepatite viral
Segundo a chefe do laboratório especializado do IOC, Lívia Melo Vilar, a hepatite é uma inflamação do fígado. Ela pode ser provovada por vírus ou por uso de medicamentos, álcool e outras drogas, e ainda por doenças autoimunes, metabólicas ou genéticas:
“As hepatites virais são as de maior prevalência no mundo e têm um grande impacto no número de mortes. No Brasil, a hepatite A, que atinge principalmente crianças, é a mais comum. Contudo, as hepatites B e C causam maior preocupação, pois podem evoluir para cirrose e até câncer no fígado.”
Prevenção, diagnóstico e tratamento
Contudo, a pesquisadora explica que o Brasil é pioneiro em diversos aspectos quando se trata da prevenção, diagnóstico e tratamento das hepatites virais. É o que ocorreu recentemente em Manaus, quando o número de casos subiu para 70 e por isso promoveu a campanha Julho Amarelo para reforçar o alerta para a prevenção e o diagnóstico precoce.
Além disso, a vacina é o modo mais eficaz de prevenir a doença. Revela o médico Gustavo Menelau. Sendo assim, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece vacinação contra as hepatites A e B, testes rápidos para diagnóstico de hepatite B e tratamento gratuito para todos os tipos de hepatite.
“As crianças de 12 meses até dois anos de idade devem ser vacinas contra a hepatite A. Já a vacina contra a hepatite B, administrada em três doses, está disponível para todas as faixas etárias e deve ser aplicada nas crianças logo após o nascimento. As vacinas são seguras, estão disponíveis gratuitamente no SUS e integram o Calendário Nacional de Vacinação.”
Doença silenciosa
Por outro lado, as hepatites são muitas vezes silenciosas e não apresentam sintomas, especialmente as do tipo C.
Já os sintomas clássicos da doença, quando aparecem, são: enjoo, vômitos, mal-estar, dores no corpo, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes esbranquiçadas.
Testagem
O Ministério da Saúde recomenda a testagem dos vírus A e E para pessoas que tiveram contato com condições precárias de saneamento básico e água, de higiene pessoal e dos alimentos; e testagem para os vírus B, C e D para pessoas que praticaram sexo sem proteção ou compartilharam seringas, agulhas, lâminas de barbear, alicates de unha e outros objetos perfurocortantes. Nesse último caso, a doença também pode ser transmitida da mãe para o filho durante a gravidez, o parto e a amamentação. Portanto, a prevenção é importante.
Até o momento, segundo Lívia Melo Vilar, o tratamento mais avançado é contra a hepatite de tipo C, em que a taxa de resposta do paciente à cura é acima de 95%. Contudo, a pesquisadora revela que todos os pacientes diagnosticados com hepatite necessitam de acompanhamento médico constante. Quando o tratamento é feito de modo tardio, há risco de o fígado do paciente estar gravemente acometido, o que reduz a chance de recuperação.
Laboratório de Hepatites Virais do IOC/Fiocruz
O Laboratório de Hepatites Virais do IOC/Fiocruz, além de realizar estudos, desenvolver tecnologias, atuar na padronização e validação de metodologias aplicadas a testes laboratoriais para diagnóstico da doença, conta com um ambulatório de referência para o atendimento de casos de pacientes com hepatites virais agudas, gestantes e doentes renais, o que possibilita a integração entre pesquisa e assistência. O paciente é encaminhado após triagem de atendimento em uma Unidade Básica de Saúde, conclui Vilar.
“A meta da OMS é de erradicar as hepatites B e C até 2030. Não sabemos se vamos alcançar esse feito, até porque a pandemia impactou fortemente no diagnóstico e acesso aos serviços de saúde para as hepatites virais. Contudo, o IOC e a Fiocruz têm colaborado de forma persistente para isso. A incidência da doença já teve grande redução, assim como avançamos em tratamento, diagnóstico e prevenção.”
*Foto: Reprodução