Dilema global da moeda digital é mencionado por presidente do Banco Central, enfatizando que a intermediação financeira seria um dos problemas caso a demanda aumentasse
Na semana passada, Roberto Campos Neto, presidente do banco Central, afirmou que a instituição pode avançar “bastante” até o final de 2022.
Desafios
Ele chama isso de projeto de criação de uma moeda digital brasileira. Porém, ele reiterou não haver prazo fixo e elencou uma série de desafios globais para o empreendimento que pode afetar a economia.
“Tem muitas perguntas que são feitas de um lado e respondidas do outro, e vice-versa.”
Ele também comentou:
“É o que a gente está tentando fazer nos nossos processos de ‘brainstorming’ (coleta de ideias) é tentar responder, entendendo que isso precisa ser uma moeda que seja uma extensão da moeda física, que não crie nenhuma disrupção no sistema financeiro.”
Dilema global da moeda digital
Como exemplo, o presidente do BC disse haver um dilema global na moeda digital. Sendo assim, este desafio inclui riscos de haver mais demanda por moeda digital por razões como maior segurança e maior capacidade de fazer diferentes operações.
Por outro lado, em razão disso, haveria um impacto negativo no balanço dos bancos, em que a moeda digital não possui capacidade multiplicadora.
“Então o que aconteceria com o balanço dos bancos se todo mundo resolvesse fazer conversão integral de moeda física para eletrônica? Bom, teríamos um problema de intermediação financeira.”
Impor taxa de juros negativa na moeda digital
Entre as soluções ouvidas em discussões, Campos Neto afirma que haveria a possibilidade de impor taxa de juros negativa na moeda digital para equilibrar demanda e oferta.
“Óbvio que isso não é simples de fazer nem vai acontecer.”
Já outra discussão seria sobre diferentes plataformas de moeda digital entre BCs com características diversas ditarem perda da principal característica do ativo, o “cross-boarding”. Ou seja, a possibilidade de pagamentos transfronteiriços, finalizou Campos Neto.
“Então importante entender neste momento que há mais perguntas do que respostas.”
*Foto: Divulgação