Os FIDCs, antes pouco acessíveis, captaram R$ 68,5 bi até julho e caminham para seu maior montante desde 2021
Os brasileiros sempre estiveram familizarizados com uma opção de renda fixa. Prova disso é que nos últimos anos, o mercado de capitais cresceu, evoluindo cada vez mais, o que oferece uma diversificação saudável.
É o caso dos fundos de investimento em direitos creditórios (FIDCs). Regulamentados em 2001, os FIDCs estão dentro da renda fixa. Pois representam um investimento em crédito privado. Em suma, eles dão a oportunidade de a pessoa ser remunerada por financiar empresas através da aquisição de títulos emitidos por elas. Até julho de 2024, os FIDCs captaram 68,5 bilhões de reais, conforme dados da Anbima, associação que autorregula o setor. Mas, se seguir nesse ritmo, será o maior montante alcançado em um ano desde 2021.
Segundo o empreendedor e consultor de FIDCs, Armin Altweger, o Brasil ainda enfrenta desafios no acesso ao crédito, levando as empresas a buscarem soluções financeiras inovadoras.
Para entender ainda mais, enquanto os fundos de renda fixa compram títulos tradicionais de dívida, como debêntures simples e certificados de depósito bancário, os FIDCs adquirem a dívida estruturada, sendo mais particular.
Vale lembrar que em qualquer transação comercial, a entrega de um serviço ou produto a prazo faz com que o credor passe a ter o direito de receber os recursos. O direito creditório pode ser de vários tipos, como duplicatas, cheques, parcelas de cartão de crédito ou de crédito consignado. Neste caso, é comum que a empresa precise antecipar os valores a receber para gerar fluxo de caixa e quitar outras obrigações.
Em seguida, são criados títulos com lastro nos direitos creditórios, para ser negociados no mercado de capitais. O detentor dos ativos financia a empresa, em geral de menor porte, sob o compromisso de ser remunerado por isso.
Investidores
Por exigirem uma capacidade maior de absorção de perdas, os FIDCs sempre foram restritos aos investidores qualificados (com mais de R$ 1 milhão em investimentos). Em 2022, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) passou a permitir a oferta dos títulos para pessoas físicas. Diante dos riscos envolvendo o produto, a liberação não aconteceu de forma ampla. Só podem chegar às mãos do varejo cotas seniores de FIDCs, que possuem prioridade no recebimento de juros — são as de menor risco na estrutura, e que também exigem classificação de risco por agências especializadas e só podem estar expostas ao chamado crédito performado, em que os direitos creditórios já foram quitados e não há mais risco de inadimplência.
Diversificação de renda fixa
Por fim, os FIDCs podem oferecer uma diversificação dentro da própria renda fixa, os investidores muitas vezes não compreendem o tipo de operação que estão realizando — e nem as perdas a que estão suscetíveis.
Fonte: Foto de freepik na Freepik