Wagner Augusto Portugal, diretor Executivo-Geral da Pró-Saúde Associação Beneficente de Assistência Social e Hospitalar, conta como venceu o desafio de economizar na compra de suprimentos hospitalares sem perder a qualidade no atendimento ao paciente nas centenas de leitos pelo país gerenciados pela Pró-Saúde.
Em um mundo recentemente dominado pela pandemia da Covid-19, é natural que o setor da saúde tenha sido o que mais apresentou aumento de custos nos últimos dois anos. Desde os gastos com os leitos específicos para tratar os pacientes acometidos pela doença bem como cuidado com as possíveis sequelas decorrentes da infecção pelo vírus.
Setor da saúde
O setor da saúde, que chegou até mesmo a beira do colapso em diversos momentos no Brasil, precisou de ótimas estratégias e visão de negócios para um melhor gerenciamento que a salvasse de uma grande crise e que ainda pudesse manter o seu principal papel, cuidar da saúde da população que tanto precisava de cuidados.
Entrevista Wagner Augusto Portugal
Para entender melhor as estratégias por trás deste setor, conversamos com o Wagner Augusto Portugal, diretor executivo-geral da Organização Social Pró-Saúde, uma das maiores gestoras de hospitais e unidades de saúde do Brasil. Confira abaixo a entrevista na íntegra:
Equipe Portal Órgãos Públicos: Qual o maior desafio que o setor da saúde enfrenta no Brasil?
Padre Wagner Portugal: Na área da saúde, um dos maiores desafios do setor é a gestão dos recursos financeiros. Orçamentos cada vez mais enxutos, tabela SUS desatualizada, custos crescentes de insumos e mão de obra são alguns fatores que vêm pressionando os gestores e exigindo soluções inovadoras.
Adiciono a essa complicada equação, a avalanche de dificuldades e mudanças impostas pela pandemia da covid-19, que colapsou até mesmo sistemas de países de primeiro mundo, e resultou no superaquecimento do mercado mundial, com alta nos preços e desabastecimento de insumos.
Como gestor de uma entidade que gerencia centenas de leitos no país, atendendo pessoas nas mais variadas localidades, que vão desde grandes centros metropolitanos a regiões remotas da Amazônia brasileira, alguns fatores precisaram ser priorizados: manter a sustentabilidade financeira das unidades de saúde, fortalecer o relacionamento com fornecedores e garantir a assistência de qualidade aos nossos pacientes.
Equipe Portal Órgãos Públicos: Tendo em vista a questão financeira como um dos grandes desafios, qual foi sua conduta na OS Pró-Saúde para contornar a questão?
Padre Wagner Portugal: Nesse momento crítico, uma decisão tomada poucos anos atrás se mostrou eficiente e assertiva: centralizar a compra de suprimentos para nossa carteira de clientes no escritório corporativo. Por meio da Central de Compras, que atua em larga escala para abastecer mais de 20 unidades hospitalares, a Pró-Saúde conseguiu economizar até 40% em 2021, na aquisição de insumos e suprimentos hospitalares.
Ao centralizar o método de compras, conseguimos negociar junto aos fornecedores preços abaixo do valor de mercado, estratégia que gerou economia significativa para nossos clientes, tanto públicos como privados — mesmo durante um período da alta demanda impulsionada pela pandemia da covid-19, sem gerar qualquer prejuízo aos pacientes ou queda da qualidade assistencial.
Para se ter uma ideia da dimensão da economia gerada pela estratégia de compras centralizada, contabilizamos um total de R$ 136 milhões em compras realizadas ano passado — alta de R$ 34 milhões quando comparada ao volume transacionado em 2020. Ou seja, economizamos nos valores de cada item e aumentamos o volume de compras.
Os dados consideraram as aquisições de linhas de medicamentos, produtos médico-hospitalares, órteses, próteses e equipamentos comprados ao longo de 2021, ano em que o país enfrentou o maior pico da pandemia, em abril.
Os itens mais comprados foram os utilizados diretamente no atendimento de pacientes graves da covid-19, como sedativos, neurobloqueadores, equipamentos de proteção individual e antibióticos, já que administramos mais de 700 leitos exclusivos para a doença em todo o país, salvando milhares de vidas.
Equipe Portal Órgãos Públicos: A OS Pró-Saúde atende em âmbito nacional e até mesmo em áreas remotas, como é atender de forma eficiente um território tão vasto como o brasileiro?
Padre Wagner Portugal: Considerando a capilaridade da nossa atuação e, novamente, as localidades remotas onde atuamos e a alta recorrentes dos combustíveis, esse ponto exigiu esforços adicionais, como forte investimento em inteligência para distribuir o acesso dos fornecedores, planejamento e mapeamento de novos parceiros para garantir o abastecimento de estoque de suprimentos.
Para isso, alteramos as análises e o planejamento das compras de forma recorrente e desenvolvemos métodos para prever a demanda, além de avaliar a curva de consumo para evitar desabastecimentos. Estreitamos o relacionamento com os principais fornecedores estratégicos e, mesmo com a ocorrência de restrições de volume de alguns medicamentos no mercado, não registramos nenhum caso de desabastecimento — uma conquista importantíssima e diretamente ligada à continuidade da assistência aos pacientes.
Conclusão
Analisando as estratégias adotadas pelo diretor da Pró-Saúde, Wagner Augusto Portugal, é possível concluir que os setores de compras e logística está muito ligado à melhor utilização dos recursos da empresa que resultou em economia e o abastecimento total da área de abrangência.
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