Após fracasso do acordo com a Boeing, conselho da Embraer foi acusado de ter permitido “espionagem” ao deixar que engenheiros da empresa americana trabalhassem na unidade de pesquisa e desenvolvimento
O Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, no interior do estado de São Paulo, anunciou ontem (3) a abertura de um processo com pedido de afastamento imediato do conselho de administração da Embraer, após o acordo de venda da principal unidade da companhia para a Boeing ter sido desfeita, em uma ação que a fabricante brasileira de aviões declarou se tratar de “má-fé.”
Com a desistência da companhia norte-americana em adquirir o controle da divisão de jatos comerciais da Embraer, isso forçou a empresa brasileira a buscar novas possibilidades de negócios, principalmente em vista da baixa demanda por viagens aéreas provocadas pela pandemia de Covid-19 no mundo todo. No início de junho, foi divulgado que outras companhias estrangeiras estariam interessadas em unir forças com a Embraer, como a chinesa COMAC.
Conselho da Embraer
A Embraer divulgou comunicado em que afirma que o sindicato “vale-se de insinuações infundadas e distorce informações de modo a confundir a opinião pública e os colaboradores da empresa”. A empresa ainda informou que não obteve acesso ao requerimento apresentado pelo sindicato à Justiça.
O processo acusa o conselho da Embraer de ter permitido “espionagem” sobre os negócios da empresa ao deixar que engenheiros americanos da Boeing trabalhassem na unidade de pesquisa e desenvolvimento da fabricante de aviões brasileira durante o período em que o acordo de venda da área de jatos comerciais parecia que iria de fato se concretizar.
O conselho da Embraer “opera criando perdas bilionárias e repassando o custo de sua incompetência para os trabalhadores”, declara o sindicato no processo.
No entanto, a fabricante brasileira disse que o sindicato “demonstra desconhecimento sobre a empresa e sua gestão.”
Fonte: Revista EXAME
*Foto: Divulgação