Letras V,U,W,L tem ditado caminhos da crise econômica que assolou o Brasil após a chegada da pandemia do novo coronavírus
Com a crise que assola o país atualmente, diversos economistas tem usado as letras V,U.W,L para determinar como podemos nos recuperar após o período de pandemia do novo coronavírus. Mas afinal de contas o que estas letras significam? Neste artigo você vai aprender sobre o que cada letra quer dizer em relação à economia do Brasil.
Letras V,U.W,L
Segundo especialistas que deram declarações ao portal de notícias UOL, as letras dizem respeito a como o país irá se recuperar assim que passar o período de isolamento social.
Para as economistas, a pandemia deve resultar em fortes impactos econômicos. No caso do FMI (Fundo Monetário Internacional), por exemplo, já é previsto uma queda de 5,3% do PIB do país para 2020. e também existem outros estudos em que a projeção foi de 11%.
No entanto, a previsão em relação à recuperação futura da economia ainda é incerta e, principalmente, em que velocidade ela se dará.
É aí que são usadas por especialistas do setor as letras V,U,W,L. Uma recuperação em formato de V, por exemplo, quer dizer que a economia sofreu uma queda rápida e grande, e uma recuperação na mesma medida. Já a letra U indica uma retomada mais suave.
A letra W significa que um movimento irregular de idas e vindas. O L mostra que pode haver uma crise que pode se arrastar por um longo período, ou seja, a segunda perna não sobe, fica permanente na horizontal, lá embaixo).
De acordo com as economistas, a letra que ditará o movimento de recuperação do Brasil vai depender de quais medidas estão sendo tomadas pelo governo neste momento, como: o auxílio emergencial, o tamanho do isolamento social, além do impacto do número de mortos por Covid-19.
Vale pontuar que para uma recuperação da economia nacional é preciso uma restruturação de grandes empresas do país. E isso envolve: criação, implementação, aprimoramento de sistemas, pessoas, processos, indicadores e informes gerenciais, afirma Ricardo Knoepfelmacher, mais conhecido como Ricardo K., que é CEO da RK Partners, consultoria especializada em reestruturação de empresas.
Para a diretora de estudos latino-americanos e mercados emergentes da universidade americana Johns Hopkins, Monica Bolle:
“Na verdade, a atual crise econômica é, antes de tudo, uma crise de saúde pública. Então qualquer cenário de retomada será traçado a partir de como a epidemia irá evoluir.”
Letra V é utopia no país
Todas as economistas ouvidas pelo UOL concordam que a recuperação do país dificilmente se dará em formato de V, que seria trazer um retorno na mesma velocidade que foi queda, em virtude da lentidão das medidas governamentais e ainda de dificuldades de estrutura.
Para a economista e coordenadora da graduação em economia no Insper, Juliana Inhasz, a retomada em V não aconteceria em função de dificuldades do governo, além da imprevisibilidade da evolução da pandemia:
“Para a recuperação em V, precisaríamos de um ambiente institucional bom, com o governo colocando dinheiro na economia, estímulo mesmo, sem falências em massa, especialmente de pequenos produtores. Mas, não é o que vem ocorrendo. Não há um plano claro sobre isso.”
Recuperação em formato W
Já para Monica Bolle, baseada em um estudo projetado por especialistas: a quarentena terá idas e vindas. Neste caso, a retomada da economia deve seguir um formato mais semelhante à letra W, com períodos de contração e recuperação.
“Acho que veremos uma retomada muito lenta, em ziguezague, acompanhando a quarentena, de relaxamento e reforço. Não será o tipo de coisa que a gente via de a economia saindo do atoleiro devagar, como em outras crises. Será de extrema volatilidade, de extrema alta, de extrema queda.”
Baixa de juros e maior crédito
A economia, para se levantar, vai depender do sucesso da quarentena. Para isso, o governo tem que prover condições para que as pessoas fiquem em casa, e assim obter uma retomada mais vigorosa ao fim do período de isolamento social, afirmam as especialistas.
A renda básica emergencial que está sendo paga aos cidadãos do país é uma dessas medidas. Porém, para a economista e professora de ciências econômicas da UFABC, Fernanda Cardoso, é preciso ter uma política monetária a fim de baratear o crédito às pessoas, micro e pequenas empresas, ou por meio de bancos tradicionais ou pelos bancos públicos, explica:
“O acesso ao crédito demanda uma política creditícia do governo. Se for esperar uma atuação do setor privado, a trajetória é contrária. O crédito está caro, pois há risco de inadimplência.”
Para ela, o país ainda não tem um plano de recuperação e por isso a retomada pode ser em longo prazo, ou seja, em formato de L.
Fonte: UOL
*Foto: Divulgação