O lançamento do foguete HANBIT-Nano, realizado na noite desta segunda-feira, 22 de dezembro, no Centro de Lançamento de Alcântara, no Maranhão, terminou em falha e explosão poucos segundos após a decolagem. Apesar da perda do veículo, o episódio não deixou feridos e foi classificado pela Agência Espacial Brasileira como um marco histórico para o país, por representar o primeiro lançamento comercial feito a partir do território brasileiro.
De acordo com informações divulgadas pela AEB, todas as etapas sob responsabilidade brasileira transcorreram conforme o planejado. A contagem regressiva, a liberação da área, os sistemas de solo e os protocolos de segurança funcionaram de maneira adequada. A anomalia foi registrada cerca de 30 segundos após o início do voo, quando o foguete já havia superado a fase inicial de lançamento.
A agência informou que a falha ocorreu em um momento posterior à decolagem, o que levou à perda total da missão. O veículo caiu em área previamente delimitada e, na sequência, explodiu. As imagens do incidente circularam rapidamente nas redes sociais, mas não houve danos a instalações nem risco para equipes ou comunidades próximas ao centro espacial.
Segundo a AEB, a apuração do ocorrido ficará a cargo da Força Aérea Brasileira, responsável pelo Centro de Lançamento de Alcântara, em conjunto com a Innospace, empresa sul-coreana que desenvolveu o foguete. A investigação seguirá os procedimentos internacionais adotados no setor espacial, com análise técnica dos dados de voo e dos sistemas do lançador.
Mesmo diante do insucesso, a agência reforçou que o lançamento representa um passo relevante para o programa espacial brasileiro. Trata-se da primeira operação comercial realizada a partir do país, resultado de acordos internacionais e de um processo de abertura do Centro de Lançamento de Alcântara para o mercado global. A localização privilegiada da base, próxima à Linha do Equador, é considerada estratégica por reduzir custos e ampliar a eficiência de lançamentos.
Para a AEB, o episódio também demonstra a maturidade operacional do centro maranhense. A infraestrutura, os procedimentos e a coordenação entre os diferentes órgãos envolvidos atenderam aos padrões exigidos para missões comerciais. A agência destacou ainda que falhas fazem parte do processo de desenvolvimento tecnológico no setor espacial e contribuem para o aprimoramento de projetos futuros.
Centro de Alcântara no radar internacional
O lançamento do HANBIT-Nano reforça a posição do Centro de Lançamento de Alcântara no cenário espacial internacional. Nos últimos anos, a base passou por adaptações para receber operações comerciais, incluindo adequações legais, investimentos em segurança e modernização de sistemas. O objetivo é atrair empresas estrangeiras interessadas em utilizar o espaço aéreo brasileiro para missões orbitais e suborbitais.
A Innospace, responsável pelo foguete, desenvolve veículos de pequeno porte voltados ao mercado de microssatélites. Embora a missão não tenha sido concluída com sucesso, a empresa participa agora de um processo padrão de investigação, comum na indústria aeroespacial, especialmente em fases iniciais de operação de novos lançadores.
A AEB ressaltou que a cooperação internacional é um dos pilares da estratégia brasileira para o setor. O país busca se consolidar como plataforma de lançamentos, oferecendo vantagens geográficas e operacionais. A experiência adquirida, mesmo em situações adversas, é considerada fundamental para fortalecer a credibilidade do Brasil como parceiro no mercado espacial.
Lançamento brasileiro recente
Em novembro de 2024, a Força Aérea Brasileira realizou um lançamento a partir do Centro de Lançamento da Barreira do Inferno, em Parnamirim, no Rio Grande do Norte. A operação marcou a retomada das atividades na base após mais de uma década sem lançamentos.
Na ocasião, o destaque foi a carga simbólica transportada pelo foguete, que levou mais de mil cartas escritas por estudantes de escolas públicas da região. A iniciativa teve caráter educativo e buscou aproximar jovens do tema espacial, além de reforçar a importância das bases brasileiras para o desenvolvimento científico e tecnológico do país.
O contraste entre os dois episódios, um de caráter institucional e outro comercial, ilustra o momento de transição vivido pelo programa espacial brasileiro. Enquanto amplia sua atuação no mercado internacional, o país segue investindo em capacitação, infraestrutura e parcerias, mesmo diante dos riscos inerentes à atividade aeroespacial.
Fonte: Gazeta de São Paulo
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