Financiamento da saúde, contou com o estudo de Adriano Massuda no relatório que representou a FGV: “Parceria para Sistemas de Saúde Resilientes e Sustentáveis”, e teve a presença do ex-ministro da Saúde Temporão
Com o objetivo de apresentar pontos fortes e os negativos, além de propor soluções ao funcionamento do Sistema único de Saúde (SUS), o relatório Parceria para Sustentabilidade e Resiliência do Sistema de Saúde no Brasil foi apresentado ontem (21/6), na Embaixada do Reino Unido, em Brasília.
Financiamento da saúde
O estudo sobre o financiamento da saúde, conduzido pelo coordenador da área de saúde da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Adriano Massuda, é resultado de uma parceria global e teve a participação do líder dos departamentos de Economia e Políticas da Saúde da Escola de Economia de Londres, Alistair McGuire, e das empresas Astrazeneca, KPMG e Philips.
Além disso, ao analisar o SUS por meio de pressupostos que envolvem a resistência, a sustentabilidade e as fragilidades diante de momentos de crise sanitária, o relatório recomendou medidas para otimizar o sistema de saúde brasileiro, como a defesa de que o governo federal dedique entre 4 a 6% de recursos para financiar o sus.
“Esse aumento seria progressivo e visa dar maior sustentabilidade ao sistema.”
Como um dos meios de financiamento dessa proposta, Adriano Massuda indicou a tributação adicional sobre produtos prejudiciais à saúde, como tabaco, álcool e açúcar.
O professor definiu também que a sustentabilidade do SUS foi classificada, entre outras questões, pelo direito constitucional do acesso à saúde.
“Em momentos de crise, como na pandemia de covid-19, isso é muito importante.”
Pandemia
Quanto à resiliência do sistema, Massuda afirmou que o SUS correspondeu à demanda na pandemia. Porém, no quesito fragilidades, o relatório apontou questões como a rotatividade nos cargos de ministro da saúde, além da visão de curto prazo no planejamento da saúde, da frágil organização regional do sistema e da baixa integração entre vigilância e assistência de saúde.
Sendo assim, as recomendações dadas a gestores de saúde foram baseadas em análises feitas desde agosto do ano passado, de mais 100 documentos, e do envolvimento de mais de 20 especialistas, incluindo acadêmicos, representantes do governo, agências reguladoras e organizações públicas e privadas.
“Para isso, foi essencial trazer uma visão articulada que considera governança, financiamento, tecnologia, força de trabalho, entre outros elementos primordiais na construção de um sistema de saúde com mais resiliência e sustentabilidade.”
E também foram mencionadas no relatório as áreas de governança, força de trabalho e medicamentos e tecnologia.
Atitudes de curto prazo
Apesar de o relatório calcular um intervalo de uma década para que o investimento em saúde permeie entre 4 a 6% do PIB, o professor Massuda elencou ações que podem ser aplicadas no curto prazo.
O evento que apresentou o relatório Parceria para Sustentabilidade e Resiliência do Sistema de Saúde também contou com a participação do ex-ministro da Saúde José Gomes Temporão. O médico, que esteve à frente da pasta entre os anos de 2007 a 2010, elencou ações que levem a vacinação às pessoas como possíveis iniciativas de curto prazo.
“Os postos de saúde devem estar nas ruas, no parque e nas festas, para levar a vacinação ao público. Hoje, a pessoa tem de buscar se vacinar, no posto. A ideia é que a equipe de saúde vá até o público.”
Conversa com gestores
Antes de ser apresentado a jornalistas presentes na Embaixada do Reino Unido, o relatório Parceria para Sustentabilidade e Resiliência do Sistema de Saúde foi mostrado ao secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos de Saúde do Ministério da Saúde, Carlos Gadelha.
*Foto: Reprodução/Unsplash (Marcelo Leal – unsplash.com/pt-br/fotografias/6pcGTJDuf6M)