Expedição da ONG Zé conta com a participação de professores universitários que trabalham no Hospital Sírio Libanês e no Hospital das Clínicas, em São Paulo
Criado em novembro de 2019, a ONG Zoé continuou a proposta do projeto “Quem Procura Cura”, que aconteceu entre 2014 e 2017. O antigo programa realizou 19 expedições em comunidades remotas à beira do Rio Tapajós, região amazônica. Foram 2.200 pacientes rastreados por endoscopia digestiva alta e colonoscopia. O projeto envolveu empresas privadas e parceiras do setor de endoscopia, assim como a prefeitura de Belterra.
Expedição da ONG Zoé
Acompanhada pelo médico Drauzio Varella, juntamente a uma equipe do programa Fantástico, da TV Globo, a expedição da ONG Zoé passou recentemente pelas comunidades ribeirinhas de Maripá, Amorim e Belterra.
A organização sem fins lucrativos que apoia populações amazônicas com acesso limitado aos cuidados com a saúde realiza visitas periodicamente. Um dos voluntários participantes destas visitas é o médico Marcos Menezes, atuante na prática e formação do Hospital das clínicas de SP. Ele conta que conheceu a Ong Zoé através de colegas de trabalho, que já eram voluntários e o convidaram para a primeira expedição da Ong na cidade de Belterra, no Pará.
Na primeira parada, em Maripá, que fica na margem esquerda do Rio Tapajós, residem 302 pessoas. Para poderem prestar atendimento a esta comunidade, a ONG chegou lá a bordo de um barco hospital, o Abaré (que em tupi-guarani significa “amigo”).
Lá, o atendimento é feito em parceria com a Prefeitura de Santarém e a Universidade Federal Oeste do Pará. De Santarém até Maripá a viagem de barco durou quatro horas. Mas, quem reside na Vila Amorim o trajeto até Santarém é maior ainda, entre seis e sete horas para acessar o hospital de lá e ser encaminhado a um especialista. Do acesso até chegar ao médico responsável de lá, o paciente pode perder dias. Portanto, o trabalho que a ONG Zoé realiza é essencial nesta região do país.
Ajuda local
Antes da chegada da equipe médica, a organização contou com a ajuda do agente sanitário Aladisson. É ele quem realiza a primeira triagem dos moradores da região. Ele vai às casas dessas pessoas e avisa da expedição de médicos voluntários que chegará em breve. E identifica o que cada morador necessita e assim consegue marcar consultas médicas em “clínica geral, dermatologia, serviço odontológico, vacinação completa”.
‘Jornada das Cirurgias’
Vale destacar em meados de dezembro de 2021, graças a uma parceria entre Estado, município de Belterra e a ONG Zoé, foi promovida a “Jornada de Cirurgias”, com médicos do Hospital Sírio-Libanês.
Já na reportagem do Fantástico, Drauzio destaca que na expedição que acompanhou em uma semana os médicos voluntários fizeram: 141 endoscopias, 57 cirurgias, 95 ultrassons e 321 consultas. Ele afirma que a equipe leva todos os equipamentos, material cirúrgico e tudo mais que for necessário para os procedimentos.
O papel do SUS nesta região
Por fim, Drauzio diz que quando uma pessoa não consegue chegar a uma unidade do SUS é o SUS quem deve ir até o paciente.
Vale lembrara que o SUS foi criado em 1988 com a intenção de levar a saúde a todos os brasileiros. Porém, na região amazônica, “o maior desafio são as distâncias. Como viajar horas e horas pelos rios para chegar à unidade de saúde da cidade mais próxima? Como gente pobre pode pagar as passagens dos barcos e cobrir os gastos na cidade enquanto espera o atendimento?”, conclui Varella.