O Brasil se prepara para um marco inédito no setor aeroespacial com o primeiro lançamento comercial de um foguete a partir do território nacional. A operação está prevista para esta quarta-feira (17), às 15h45, horário de Brasília, no Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), no Maranhão. O veículo escolhido para a missão é o Hanbit-Nano, desenvolvido pela empresa sul-coreana Innospace.
Segundo a Força Aérea Brasileira (FAB), responsável pela condução da operação, a janela de lançamento foi estabelecida entre os dias 16 e 22 de dezembro. Caso as condições técnicas e meteorológicas não permitam a decolagem na data principal, novas tentativas poderão ocorrer dentro desse intervalo previamente definido.
O lançamento representa o primeiro voo comercial de um veículo espacial a partir do Brasil, consolidando uma nova etapa para o Programa Espacial Brasileiro. Até então, as atividades no CLA estavam concentradas em operações de caráter experimental, científico ou governamental, sem participação direta no mercado internacional de lançamentos.
“Será um voo inaugural a partir do Brasil, simbolizando a entrada do país no mercado global de lançamentos espaciais”, destacou o diretor do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), Coronel Aviador Clóvis Martins de Souza.
A missão recebeu o nome de Operação Spaceward e envolve uma estrutura operacional considerada robusta. Ao todo, cerca de 400 profissionais participam diretamente da ação, entre militares e civis brasileiros, além de técnicos sul-coreanos ligados à empresa responsável pelo foguete. A coordenação conjunta reflete o modelo de cooperação internacional que vem sendo adotado para viabilizar o uso comercial da base maranhense.
Para a FAB, o lançamento do Hanbit-Nano ultrapassa o simbolismo tecnológico e se insere em uma estratégia de longo prazo. A avaliação interna é de que a operação amplia a visibilidade do Brasil como plataforma confiável para lançamentos orbitais, especialmente por conta da localização geográfica privilegiada de Alcântara, próxima à Linha do Equador.
“É um marco que demonstra nossa maturidade técnica e insere o Brasil no mercado global de lançamentos comerciais. Alcântara se firma como um polo estratégico espacial, atraindo investimentos, empresas e inovação. É um passo significativo para o futuro do Brasil no espaço”, afirmou o chefe da Divisão de Operações do CLA, Major Engenheiro Robson Coelho de Oliveira.
Brasil detalha a missão
O Hanbit-Nano é um veículo de pequeno porte, projetado para atender à crescente demanda por lançamentos de satélites leves. O foguete possui 21,8 metros de comprimento, 1,4 metro de diâmetro e massa total de 20 toneladas. A missão prevê a inserção de cargas úteis em órbita baixa da Terra, conhecida como LEO, a aproximadamente 300 quilômetros de altitude, com inclinação orbital de 40 graus.
No interior da coifa, localizada na parte superior do foguete, estão acomodadas oito cargas úteis. Desse total, cinco são pequenos satélites que serão efetivamente colocados em órbita. As outras três correspondem a dispositivos experimentais, utilizados para testes tecnológicos e validação de sistemas embarcados durante o voo.
Um dos destaques do veículo é o sistema de propulsão híbrido, que combina combustível sólido e líquido. Esse tipo de tecnologia busca equilibrar desempenho, controle e segurança, sendo cada vez mais explorado por empresas que atuam no segmento de microlançadores. A missão também permitirá a coleta de dados relevantes para futuras operações comerciais a partir de Alcântara.
A realização do lançamento ocorre em um contexto de crescente interesse internacional pelo mercado de pequenos satélites, impulsionado por aplicações em comunicação, observação da Terra e monitoramento ambiental. Ao sediar uma operação comercial desse porte, o Brasil amplia sua participação em uma cadeia produtiva considerada estratégica e de alto valor agregado.
A expectativa da FAB é que o voo desta quarta-feira inaugure uma nova fase para o Centro de Lançamento de Alcântara, com potencial para atrair novos contratos e consolidar o país como um dos pontos de acesso ao espaço no hemisfério sul.
Fonte: Agência Brasil
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