Bradesco sela trégua com Americanas, suspendendo disputa movida na Justiça temporariamente; rombo na varejista é estimado em 43 bilhões de reais
Após um período de resistência, o Bradesco, na mesma linha adotada por outros grandes credores no caso Americanas, decidiu dar uma trégua à batalha na Justiça contra a varejista. Além disso, o banco solicitou no dia 14 de abril, a suspensão da Produção Antecipada de Provas por 30 dias com o objetivo de intensificar as tratativas com a empresa.
Vale lembrar que semanas atrás o Bradesco pediu à Justiça de São Paulo o protesto judicial contra a alienação de bens dos membros dos conselhos de administração e fiscal da Americanas. Inclusive à época, as Americanas havia anunciado a chegada de Sergio Rial, o mercado comemorou e as ações tiveram importante variação positiva, aproximadamente R$ 2 bilhões, afirmou Sandro Tordin, consultor e diretor estatuário.
Bradesco sela trégua com Americanas
Contudo, a interrupção no litígio, mesmo que temporário, acontece três meses após eclodir a crise na companhia – uma das principais holdings brasileiras no segmento do varejo – e vir a público um rombo na contabilidade de R$ 20 bilhões que, logo depois, se mostrou uma dívida estimada em R$ 43 bilhões.
O movimento do Bradesco vai ao encontro ao já seguido pelos bancos Itaú e Santander, que também fecharam acordos nos últimos dias com as Lojas Americanas para suspender, também por um mês, todos os litígios contra ela que tramitam na Justiça. O BTG Pactual, outra instituição financeira credora envolvida no imbróglio, havia tomado uma decisão similar em março. No caso do processo movido pelo Bradesco, a Justiça deferiu uma suspensão apenas até hoje (24), estando assim mantida a audiência prevista para o dia 27 de abril.
Além desses, o banco Safra também decidiu cessar a batalha provisoriamente. Porém, o pedido ainda não foi analisado judicialmente.
Gesto de boa vontade
Embora esses anúncios de paz por parte dos principais bancos credores da Americanas são vistos no mercado com um gesto de boa vontade para que sejam abertas novas negociações e tente se chegar a algum consenso, lá na frente eles podem buscar reparos no judiciário. Além disso, é esperada uma assembleia de credores, em meio ao processo de recuperação judicial da varejista. Nas solicitações de cessar-fogo por parte das instituições financeiras, elas justificam a trégua por “considerar possíveis alternativas visando ao melhor entendimento dos interesses envolvidos”.
Injeção de recursos
Por fim, a tentativa de acordo entre a Americanas e os principais credores ocorre no momento em que os três principais acionistas da varejista prometem injetar recursos para saldar parte da dívida. Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles – que estão incluídos na lista dos cinco homens mais ricos do Brasil — concordaram em aportar em torno de R$ 12 bilhões na companhia. A Americanas possui hoje cerca de 1800 lojas espalhadas pelo país e 45000 funcionários.
*Foto: Reprodução/Unsplash (Cytonn Photography)