Embraer atrai outros estrangeiros após o cancelamento do acordo com a norte-americana Boeing. Com isso, fabricantes de aviões de outros países estão rondando a companhia brasileira semanas depois da Boeing abandonar os planos de uma combinação histórica na aviação comercial. A afirmação vem de fontes ligadas ao assunto.
Embraer atrai outros estrangeiros
Sendo assim, a empresa chinesa COMAC indicou interesse em cooperação com a unidade comercial da terceira maior fabricante de jatos do mundo, revelaram duas fontes. A companhia russa Irkut também estudou a possibilidade, segundo outras duas pessoas, mesmo que a própria empresa negue tal fato.
Já a Índia, considerada mais uma potência aeroespacial que vem em constante crescimento, focada principalmente na defesa, porém, com um grande mercado civil, também demonstrou interesse ao estudar a questão, disseram pessoas ligadas ao assunto.
Esses fatores levam a Embraer ao centro do chamado grupo de nações do BRIC, em que cada um exibe seus palpites, enquanto gigantes ocidentais, mas precisamente: Airbus e Boeing se recuperam da crise gerada pela pandemia do novo coronavírus.
Posicionamento dos estrangeiros
Embora mencionadas como empresas aéreas, tanto a COMAC, quanto o ministério da aviação civil da Índia não responderam às solicitações de comentários. Uma porta-voz da Irkut chegou a negar qualquer tipo de interesse ou conversa em relação à Embraer.
A companhia Embraer também não comentou o assunto.
A COMAC e a Irkut estão desenvolvendo aeronaves para competir diretamente com a Airbus e a Boeing, no movimentado mercado de até 150 assentos. Além disso, os planos da China são vistos como os mais avançados.
Acordo com a Embraer na prática
Caso uma dessas companhias estrangeiras fechem um acordo comercial com a Embraer neste momento significaria agregar experiência em engenharia e suporte global. No entanto, também acarretaria um conflito com jatos regionais menores e comercialmente menos bem-sucedidos desenvolvidos pelos dois países.
Uma pessoa ligada à indústria russa afirma que a controladora da Irkut, a Rostec, está focada nos programas existentes MS-21 e Superjet.
Apesar da Índia ter investido muito em peças e manutenção, o país é o pretendente menos visível no setor aeroespacial comercial, pois não conta com outro projeto de aeronave, a não ser a de 14 lugares, chamada SARAS.
Entretanto, há um requisito potencial que gira em torno do desenvolvimento de um jato, com capacidade de 80 a 90 lugares. Esta categoria hoje é ocupada pela Embraer, com o projeto UDAN, assinado pelo primeiro-ministro Narendra Modi, com a finalidade de ampliar os serviços aéreos para pequenas cidades.
Sobre isso, o ex-presidente da Hindustan Aeronautics, R.K. Tyagi, afirmou que solicitou ao governo que houvesse uma movimentação imediata:
“Qualquer país com ambições analisará isso. Sinto que essa é uma boa oportunidade. O preço (valuation) está baixo e se conseguirmos o controle de um programa de aeronaves moderno e comprovado, será um grande salto.”
De acordo com funcionários do governo Modi e um grupo de estudo do governo, estão juntando recursos, porém, nenhuma representação formal foi realizada no Brasil até o momento.
Conclusão
No dia 1º de maio, um alto executivo da Embraer declarou à Aviation Week que não tinha começado conversações com ninguém. No entanto, ele também disse que não podia “legislar para as chamadas de entrada que poderiam vir”.
A companhia brasileira disse que vai levar em conta os próximos passos com cuidado. E revela que uma das principais dores de cabeça dessa questão envolve o valor de mercado, que caiu 64% em 2020, abaixo do desempenho do setor de aviação afetado pela crise.
Além disso, a Embraer vai relutar em negociar muito barato em um mercado que hoje está afetado pela pandemia de Covid-19. Por outro lado, suas opções são limitadas, mesmo que seja o único fabricante em larga escala disponível, declarou Richard Aboulafia, analista do Teal Group:
“A Embraer é uma empresa comercial fantástica, mas poucas pessoas estão tentando comprar uma empresa comercial.”
Fonte: Revista EXAME
*Foto: Divulgação