Alta de geração de oportunidades anda junto ao crescimento econômico do país
De acordo com dados de abril do Caged, o cadastro do Ministério do Trabalho de contratações e demissões formais, estão “em linha” com a composição do crescimento econômico deste início de ano. Isso porque com a normalização do consumo de serviços mais impactados pelo isolamento social, como bares, restaurantes e hotéis, puxou a economia. É o que afirmou nesta quinta-feira (9) Silvia Matos, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre).
Alta de geração de oportunidades
Além disos, na segunda-feira (6), o Caged mostrou a abertura líquida (saldo entre admissões e demissões) de 196.966 vagas em abril, puxada pelo setor de serviços, que registrou a geração líquida de 117.007 postos de trabalho.
Sobre isso, a pesquisadora completou:
“Os dados estão muito em linha com a atividade econômica mais forte em alguns setores”, afirmou Matos, durante o II Seminário de Análise Conjuntural, organizado pelo FGV Ibre, em parceria com o Estadão. “O lado B é que os salários ainda estão crescendo muito pouco na margem.”
Contudo, o pequeno crescimento do valor das remunerações no Caged aponta uma corrosão dos orçamentos das famílias. Mas, por outro lado, indica ainda que não há inflação de salários, afirma Matos.
Seminário
Contudo, durante o seminário, José Júlio Senna, chefe do Centro de Estudos Monetários do FGV Ibre, destacou o fato de que, nos Estados Unidos, os salários têm subido praticamente no mesmo ritmo da inflação ao consumidor, num cenário de desemprego baixo.
Segundo Senna, dados históricos mostrariam que o quadro sinaliza a possibilidade de recessão na economia americana, à medida que o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) apertar a política monetária para conter a inflação.
Inflação de salários
Embora não haja ainda inflação de salários na economia brasileira, o aperto da política monetária pelo Banco Central (BC) é importante para evitar que isso aconteça. Por fim, a persistência da inflação elevada pressiona por reajustes maiores nos salários, o que poderia levar a um processo que retroalimenta a inflação, disse Matos.
“Quando a inflação fica muito alta, há a necessidade de reajustes (salariais). Se o BC não puxar o freio de mão, entra numa espiral de pressão salarial.”
*Foto: Reprodução