Cada vez mais pessimistas analistas financeiros afirmam que tombo do PIB em 2020 pode ser de 5,89%, sendo a 15ª vez consecutiva que a projeção cai
Os analistas financeiros estão mais pessimistas sobre o mercado, em relação à queda no desenvolvimento econômico do Brasil, que é a maior a cada semana.
Na última segunda-feira (25), foi publicado o Boletim Focus, que apontava que o Produto Interno Bruto (PIB) de 2020 deve demonstrar uma contração de 5,89%, na última semana, já a estimativa de queda era de 4,11%. As porcentagens apresentadas levam em consideração a pandemia causada pelo novo coronavírus no país, que acarreta na incerteza quanto à paralisação de atividades econômicas.
Para o ano que vem, a projeção que os analistas financeiros enxergam é de um crescimento de 3%. Sem contar que esta foi a 15ª vez seguida que a previsão de resultado da economia para este foi revisada.
A crise provocada pelo avanço da Covid-19 afetou o Brasil em um ano que se estimava uma recação da economia, que dava indícios de recuperação da crise vivida entre 2015 e 2016. No começo deste ano, antes da pandemia chegar por aqui, os especialistas projetavam um crescimento econômico em torno de 2,3%.
Posição dos analistas financeiros
A projeção feita pelos analistas financeiros é pior do que a do governo. Hoje, o Ministério da Economia prevê recessão de 4,7%, em um panorama em que o período de isolamento social acabe nos próximos dias. Nas contas da equipe econômica, cada semana a mais de paralisação causa uma queda de 0,7% no PIB deste ano.
Além disso, se a previsão do mercado financeiro para o resultado da economia nacional se confirmar, a queda do PIB de 2020 será maior ainda do que a registrada em 2016, ano do impeachment da então presidente Dilma Rousseff. Na ocasião, a economia retraiu 3,3%.
Com a evolução do coronavírus, estados e municípios seguem incertos entre endurecer as regras, caso do lockdown no Pará e no Maranhão, e no megaferiado em São Paulo, ou começar a abrir a economia, como já dá indícios o prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, com relação à volta do futebol e a reabertura do comércio.
Economia em inflação
A crise da doença reflete na economia a cada dia sendo mais deflacionária, em função da queda da demanda e do poder aquisitivo do consumidor.
De acordo com os economistas consultados pelo Banco Central (BC) para o boletim do Focus, foram reduzidas novamente as projeções para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo, IPCA, que mede a inflação oficial no país. E, consequentemente, com demanda menor, os preços não aceleram tanto.
Vale lembrar que economistas ouvidos pela UOl na primeira quinzena do mês também enxergam uma retomada em ritmo mais lento (relembre aqui).
A previsão para o indicador saiu de 1,59% para 1,57% no ano, abaixo da meta traçada, que é de 4% e também abaixo da margem de tolerância, que varia entre 2,5% e 5,5% para este ano. Em abril, o resultado do IPCA trouxe deflação de 0,31% pela primeira vez na história o indicador deste mês é negativo. Para 2021, a projeção para inflação caiu de 3,30% para 3,25%.
Já a projeção do dólar subiu para R$ 5,40 ao fim do ano. A moeda norte-americana segue sua escalada e, na última semana, fechou o pregão negociada a R$ 5,57, momento da divulgação do vídeo de uma reunião ministerial de abril, autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Celso de Mello.
Fonte: Revista Veja
*Foto: Divulgação / Bruna Prado