Uma campanha de alcance nacional passou a ocupar os aeroportos brasileiros a partir desta segunda-feira (22) com uma mensagem direta contra a violência de gênero. Intitulada Assédio Não Decola, Feminicídio Também Não, a iniciativa foi lançada pelo Ministério de Portos e Aeroportos, em São Paulo, e aposta em comunicação visual e audiovisual para incentivar denúncias e ampliar a proteção às mulheres em espaços de circulação intensa.
Vídeos curtos, painéis informativos e mensagens espalhadas pelos terminais trazem orientações sobre como identificar situações de ameaça e divulgam canais oficiais de denúncia, como o Disque 100 e o Disque 180. O material será exibido em áreas de embarque, desembarque e circulação, alcançando passageiros, trabalhadores do setor aéreo e visitantes.
Comunicação direta em locais de grande fluxo
Uma das peças centrais da campanha é um vídeo que mostra uma mulher segurando o passaporte, com expressão de apreensão. A locução afirma: “Todo aeroporto promete destino, mas algumas partidas não chegam quando medo ocupa o lugar da esperança, não é viagem é silêncio”. A escolha do ambiente aeroportuário reforça a ideia de deslocamento, mas também chama atenção para histórias interrompidas pela violência.
Segundo o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, a proposta é utilizar a visibilidade dos aeroportos para facilitar o acesso à informação e estimular a busca por ajuda. “Essa campanha estará nos nossos aeroportos, nos aviões, nas mãos dos profissionais”, destacou.
De acordo com o ministro, a associação entre mensagens de conscientização e a divulgação clara dos canais de denúncia pode contribuir para que vítimas e testemunhas reconheçam situações de risco e acionem os serviços de segurança e acolhimento disponíveis.
Dados que reforçam a urgência
A campanha dialoga diretamente com os números mais recentes da violência contra mulheres no país. O Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado em julho, apontou 2024 como o ano com o maior número de feminicídios desde que o crime foi tipificado na legislação brasileira, há uma década. Ao todo, 1.492 mulheres foram mortas.
Os dados revelam que, na maioria dos casos, os autores eram pessoas próximas das vítimas. Companheiros responderam por 60,7% dos crimes, enquanto ex-companheiros representaram 19,1%. O levantamento reforça a necessidade de ações preventivas e de ampliação das redes de apoio, especialmente em espaços públicos onde a informação pode alcançar mais pessoas.
Atuação integrada nos terminais
Além do Ministério de Portos e Aeroportos, a campanha conta com o envolvimento da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e da Associação Brasileira das Concessionárias de Aeroportos (ABR). As instituições atuam em conjunto com a Polícia Federal, que já mantém presença permanente nos aeroportos.
“Nos aeroportos, contaremos com a fiscalização por meio de câmeras com o trabalho da Polícia Federal para evitar todo tipo de violência e assédio. E conto com as concessionárias para se envolverem na divulgação da campanha, para que possamos, de maneira coletiva, atuar a favor das mulheres do Brasil”, afirmou Silvio Costa Filho.
A estratégia inclui não apenas a veiculação das peças publicitárias, mas também o engajamento de profissionais que atuam nos terminais, desde equipes de segurança até funcionários das concessionárias, ampliando a capacidade de identificação e encaminhamento de casos.
Aviação como espaço de respeito
Para a gerente do Programa Mulheres na Aviação, da Anac, a campanha se soma a outras ações já desenvolvidas pelo setor com foco em equidade e respeito. A proposta é consolidar a aviação civil como um ambiente seguro para mulheres, tanto passageiras quanto trabalhadoras.
“Porque enfrentar a violência contra a mulher é uma responsabilidade de todos nós. Que essa campanha ajude a salvar vidas, fortaleça redes de apoio e deixe claro que a violência contra a mulher não pode seguir adiante”, afirmou.
Ao ocupar aeroportos em todas as regiões do país, a iniciativa busca transformar locais de passagem em pontos de conscientização permanente, reforçando que o combate à violência de gênero depende de informação, vigilância e ação coletiva.
Fonte: Agência Brasil
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