Entenda como o crescimento desse meio de pagamento vem influenciando o consumo dos brasileiros e impondo desafios relacionados à segurança
De acordo com um levantamento do Centro de Estudos de Microfinanças e Inclusão Financeira da Fundação Getulio Vargas (FGVcemif), em 2024, seis em cada dez brasileiros utilizaram o Pix ao menos uma vez por mês, seja para realizar transferências ou efetuar pagamentos. Em dezembro, a taxa média de adesão ao sistema no país já era de 63%.
Intitulada “Geografia do Pix”, a pesquisa foi realizada por Eduardo H. Diniz, Fabricio M. Trevisan, Adrian Cernev e Lauro Gonzalez. Para concluir a análise, os pesquisadores utilizaram dados das Estatísticas do Pix por Município (2024), disponibilizados na Plataforma de Dados Abertos do Banco Central do Brasil (BC), cruzados com informações do Censo Demográfico 2022 do IBGE.
Diferenças regionais
Os resultados do estudo revelaram desigualdades no uso do Pix entre as regiões do país. O Distrito Federal registrou a maior taxa de adesão, com 77% da população utilizando este meio de pagamento. Em contrapartida, o Piauí apresentou o menor índice, com 54,7% dos moradores fazendo uso do sistema.
Em relação à frequência de uso, os amazonenses lideram com uma média de 48 transações mensais, enquanto os catarinenses registraram apenas 25. São Paulo apresentou uma média de 29 transações por mês, com valor médio de R$221,72, ficando atrás apenas do Mato Grosso, que teve R$272,44. Os menores valores foram observados no Amapá (R$129) e no Amazonas (R$119).
As regiões Norte e Nordeste lideram o ranking de transações por usuário, seguidas pelo Centro-Oeste, Sudeste e Sul. Os pesquisadores destacaram também que, nas regiões com menor renda per capita, os usuários do Pix tendem a utilizá-lo com maior frequência.
Impacto no consumo
De acordo com uma pesquisa da CNDL/SPC Brasil, 76% dos consumidores utilizam o Pix como principal forma de pagamento, principalmente para transferências entre pessoas, compras online e pagamento de contas básicas, como água, luz e telefone. Os principais motivos apontados para a adesão são rapidez, praticidade e segurança.
No comércio eletrônico, o Pix já responde por 46% das transações, superando o cartão de crédito em diversas plataformas. No varejo físico, 33% dos consumidores também o utilizam como principal meio de pagamento.
Além disso, o sistema tem impulsionado a inclusão financeira, permitindo que mais brasileiros realizem transações digitais sem depender de cartões ou agências bancárias. O sistema também reduz custos operacionais para empresas e fomenta o comércio.
Inclusão e desafios
Conforme divulgado pela Folha de S.Paulo, cerca de 75% dos usuários do Pix recebem até dois salários mínimos, evidenciando sua ampla penetração entre as camadas de menor renda e sua importância na democratização do consumo digital.
Apesar de seus avanços, o Pix enfrenta desafios. Especialistas indicam que a facilidade desse sistema pode estimular o consumo impulsivo, já que os pagamentos instantâneos favorecem compras não planejadas, o que pode comprometer o controle financeiro dos usuários.
Outros desafios estão no combate às desinformações que circulam sobre o Pix, como possíveis taxações do serviço — o que não foi oficialmente divulgado. Além disso, o aumento de fraudes no sistema preocupa: os prejuízos cresceram 70% em 2024, em comparação com o ano anterior, exigindo esforços relacionados à segurança.
Especialista consultado: Paulo César Lemes
Paulo César Lemes é administrador, com MBA e especializações em gestão empresarial. Atua há mais de 20 anos no setor e é considerado uma das principais referências nacionais em franquias e meios de pagamento.
É sócio-fundador da Confrapag, empresa que atende mais de 60 marcas e se destaca por oferecer soluções tecnológicas para redes de franquias. Possui certificações da ABF (Associação Brasileira de Franchising) e formação pela Franchising University.
Ao longo da carreira, teve passagens por empresas como Microlins, Acqio e Mathice Holding. À frente da Acqio, Paulo César Lemes liderou a expansão da empresa até que ela se tornasse uma das maiores franqueadoras do país.
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