Corte pela estatal afeta festivais de cinema, música e teatro, que não terão seus incentivos renovados
A Petrobras não vai patrocinar mais 13 projetos culturais contemplados há anos. Entre eles, estão o Anima Mundi, Festival de Brasília, Festival do Rio e a Mostra de Cinema de São Paulo.
A empresa pública enviou aos deputados federais Áurea Carolina (PSOL-MG) e Ivan Valente (PSOL-SP) uma lista dos programas cortados. O comunicado expedido mês passado foi a resposta ao requerimento de informação solicitado por Áurea e Valente.
A companhia petrolífera ainda informou que seus programas de patrocínio estão em processo de revisão. E que a prioridade nesse momento é atender projetos voltados às áreas de ciência, educação e tecnologia.
Também tiveram seus eventos deste ano cortados: o Festival de Teatro de Curitiba, Teatro Poeira (RJ) e o Prêmio da Música Brasileira.
Segundo comunicado do presidente Jair Bolsonaro em fevereiro, era necessário reavaliar os contratos desses programas. Pois para eles, o Estado tem prioridades maiores. Portanto, a Petrobras passou a reanalisar sua carteira de patrocínios, visando principalmente a redução de custos do setor cultural.
Porém, Diego Pila, gerente de patrocínios da Petrobras afirmou em audiência pública na Câmara dos Deputados em abril que os contratos já firmados seriam honrados.
Uma das iniciativas que será levada adiante é um edital de R$ 10 milhões que voltado à projetos musicais. Ao todo, 19 programas serão contemplados em breve, finaliza Pila.
REDUÇÃO DE CUSTOS DESDE 2011
Não é de hoje que a estatal vem cortando repasse de patrocínio em todas as áreas. Em 2011 foram destinados R$ 350 milhões de forma geral e em 2018 este número caiu para R$ 135 milhões.
Só o investimento em cultura despencou de R$ 153 milhões em 2011 para R$ 38 milhões no ano passado. Em seus áureos tempos, a Petrobras chegou a patrocinar 336 projetos culturais, em 2018 foram selecionados apenas 30.
Para 2019, a verba inicial para o setor de comunicação, que integra a área cultural foi de R$ 180 milhões. Mas no fim houve um corte de 30%, passando a ter um repasse de R$ 128 milhões.
MOSTRA INTERNACIONAL DE CINEMA DE SP
A diminuição de investimento para Mostra de Cinema de SP desse ano pode prejudicar em torno de 25% seu orçamento para realização do evento. O festival vai acontecer entre os dias 17 e 30 de outubro.
Segundo a diretora da mostra, Renata de Almeida, medidas serão tomadas para sua viabilização. Isto inclui ações que não afetem diretamente o público, como cortes de passagens aéreas a convidados do festival.
Renata soube do corte por meio de uma ligação da própria estatal. Com isso, ela espera que outras instituições apoiem o evento audiovisual, como a CPFL, Itaú Cultural, Sabesp, Sesc e Spcine. A diretora também demonstra preocupação com o que será decido sobre a Lei Rouanet. Sob este tipo de incentivo que empresas como CPFL e Itaú podiam financiar a Mostra de Cinema de São Paulo. Esse tipo de ação agora é pauta de discussão no Planalto.
ANIMA MUNDI
Nos último anos, o Anima Mundi já vinha sofrendo com redução de patrocínio vindo da estatal. Em 2018, o evento teve financiamento de R$ 700 mil. Menos do que os 50% que obtinham em seus primeiros anos de realização.
Para César Coelho, diretor do evento, o festival terá um curto espaço de tempo para cobrir esse buraco no orçamento. Como o Anima Mundi acontece em julho, com um planejamento que demanda mais de um ano de produção, há pouco tempo para correr atrás do restante da verba.
CORTES VINDOS DE OUTRAS ESTATAIS
Não é só a Petrobras que vem cortando patrocínio da área cultural, outras instituições também tem reanalisado suas cotas.
Entre eles, o BNDES cortou em 40% seu incentivo ao setor cultural. Para este ano, o valor é de R$ 5 milhões neste ano. Os recursos aprovados devem ser repassados apenas a programas literários. Todavia, o banco ainda não divulgou, como em anos anteriores, se contemplará também projetos convidados.
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