Rede 5G do Hospital das Clínicas conta com apoio de outros segmentos, como Banco Itaú, Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), e Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID)
Nesta semana, foi apresentada no evento Futurecom a primeira rede privativa 5G para testes de conectividade avançada no campo da saúde em parceria com o Hospital das Clínicas e Inova HC, dentre outros parceiros.
Rede 5G do Hospital das Clínicas
Vale destacar que em setembro, foi lançado oficialmente o projeto OpenCare 5G, iniciativa do Instituto de Radiologia (InRad) do Hospital das Clínicas de São Paulo. A ideia é montar pilotos para uso da tecnologia com aplicação de saúde conectada.
Além disso, como o plano é atender comunidades distantes por meio desta tecnologia, meses atrás, o médico Marcos Menezes, diretor de radiologia intervencionista do ICESP e Hospital Sério Libanês, participou de uma expedição no Alto Xingu no Mato Grosso e no interior do Pará, como integrante do projeto piloto.
Rede de parceiros
O projeto do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HCFMUSP) possui parceria com um ecossistema diversificado de tecnologia, telecomunicações, governo, universidade e instituição financeira. Já a coordenação do OpenCare 5G é da Deloitte e tem a participação do Itaú Unibanco, Siemens Healthineers, NEC, Telecom Infra Project (TIP), Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP).
Inovação da rede 5G do Hospital das Clínicas
Contudo, essa é a primeira rede 5G brasileira na saúde a partir de dois conceitos inovadores. Uma diz respeito à rede privativa, faixa de frequências dedicada para tráfego exclusivo de empresas, e não concorre com a ocupação da rede pública de telefonia celular dos consumidores finais. Já o segundo conceito é o de Open RAN (do inglês Open Radio Access Networks ou Rede de Acesso de Rádio Aberto), que flexibiliza a combinação de diversos provedores de soluções, além de permitir a participação de novos entrantes de tecnologias e entrega de uma solução de conectividade mais customizada.
Testes
Os testes funcionam da seguinte forma: dentro das dependências do HC foram instaladas duas antenas 5G em ambientes distintos. E por meio do conceito de Open RAN, parte da solução está hospedada no ambiente do hospital, já o control da rede fica no datacenter do Itaú. Em uma das salas são utilizados equipamentos de ultrassom e de tomografia, e em outra sala ocorre a coordenação remota da execução dos exames.
Além disso, os testes iniciais se mostraram promissores. Isso porque a quinta geração móvel privativa entregou taxas de latência (atraso na transmissão dos dados de uma ponta a outra) em torno de 20 milissegundos e sustentou banda acima de 300 Mbps. Antes, tais resultados só eram possíveis em redes cabeadas. Por outro lado, latências maiores configurariam perda de sincronismo entre quem coordena e quem executa a atividade médica, impedindo uma comunicação efetiva.
Agora, dentro dos próximos dois meses, otimizações devem diminuir mais a latência, e também será feito um mapeamento completo do comportamento das aplicações e oportunidades de melhorias.
Próximas fases
Para alcançar o objetivo de universalização do atendimento remoto de saúde universal, o projeto OpenCare 5G foi concebido com duas fases de expansão. Após a conclusão do piloto dentro das dependências do HC, será executado um piloto com o atendimento remoto em uma cidade do interior do estado de São Paulo para uma experiência real de condução de atividades em áreas urbanas.
Por fim, prevê-se uma ampliação em escala nacional, com centros regionais de apoio aos profissionais de saúde. Da mesma forma, será executado um piloto em área remota do país na região amazônica para o entendimento da adaptação do teleatendimento em situações com menos infraestrutura. Com isso, espera-se expansão para demais localidades de perfil demográfico similar.
*Foto: Reprodução